O prefeito reeleito de Santa
Quitéria (CE), José Braga Barrozo, o Braguinha (PSB), que foi preso nesta
quarta-feira (1º), é acusado de ter feito um acordo com o Comando Vermelho para
coagir eleitores que fizessem campanha contra o rival na cidade em 2024. Como
pagamento, a facção teria recebido um carro de luxo, diretamente enviado da
cidade cearense ao Rio de Janeiro.
A prisão do prefeito foi
decretada pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Ceará, que ainda determinou
o afastamento do cargo e ordenou uma busca e apreensão na casa do prefeito. As
medidas foram cumpridas pela PF. O vice-prefeito não foi preso, mas afastado do
cargo. Outras sete pessoas tiveram mandados de prisão.
O MPE (Ministério Público
Eleitoral) já entrou com ação pedindo a cassação da chapa, acusando o prefeito
de crimes eleitorais.
Segundo o TRE, a decisão judicial
que mandou prender os oito suspeitos ocorreu porque há "graves violações à
ordem pública, exigindo medidas rigorosas para garantir a investigação e
preservar a integridade do processo eleitoral".
Com o afastamento, o filho de
Braguinha, o vereador Joel Madeira Barroso (PSB), que foi eleito presidente da
Câmara nesta quarta-feira, assumiu o cargo de forma interina por ser o primeiro
na linha sucessória.
A coluna não conseguiu contato
com a defesa de Braguinha, nem houve manifestação pública do prefeito até
agora. O espaço segue aberto para manifestação. Em nota enviada à TV Globo, o
prefeito diz que "foi notificado e não há decisão judicial sobre o
caso" e que "qualquer afirmação sem o devido esclarecimento do
processo legal é precipitada e não condiz com a verdade".
Carro levado ao Rio marca acordo
Segundo a representação pela
prisão feitas pelas Polícias Civil e Federal, a qual a coluna teve acesso, há
"indícios robustos de diversos crimes eleitorais, aparentemente praticados
por integrantes de organização criminosa armada, com participação de agentes
públicos".
O principal pagamento desse
acordo, segundo a polícia, foi um carro de luxo dado a um líder do CV. A
investigação aponta que o carro foi levado ao Rio de Janeiro por servidores de
cargos comissionados ligados a Braguinha. O veículo era um Eclipse de cor
branca, e teria sido dado a um líder da facção identificado como Anastácio
Paiva.
Intimidações
Logo após o carro ser levado ao
Rio, a polícia diz que começaram as intimidações. A representação cita que, no
dia 9 de agosto, um integrante do CV enviou uma "mensagem de cunho geral
para todos os membros da facção".
O recado era claro: quem não
apoiasse os grupos políticos indicados por ele "iria sofrer
retaliações", com possibilidade de "tocar fogo, dar tiros e quebrar
vidros de carros".Em alguns momentos, casas e muros foram pichados com
ameaças a moradores que fizessem campanha para rivais do prefeito.
Ainda segundo as investigações, o
CV ordenou a proibição de qualquer campanha eleitoral dos opositores do
prefeito, em especial o candidato Tomás Figueiredo (MDB), que foi impedido de
visitar eleitores e realizar atos de campanha.
Nem mesmo a Justiça Eleitoral
ficou fora das ameaças, diz a representação. "Durante a reunião de
treinamento de mesários, o Cartório Eleitoral de Santa Quitéria recebeu uma
ligação de um integrante do Comando Vermelho, que ameaçou atacar a unidade do
órgão e matar todos os servidores, caso a Justiça Eleitoral não cessasse as
decisões desfavoráveis aos 'manos' do CV."
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