Indignação é a palavra usada por
integrantes do Palácio do Planalto ao se referirem às assinaturas de mais de
100 deputados da base de Lula ao requerimento de urgência da anistia ao 8 de
janeiro.
A crítica central é que é
inconcebível que parlamentares de partidos que fazem parte do governo Lula
apoiem uma anistia que livrará golpistas que tentaram derrubar este governo e
ainda planejaram assassinar o presidente.
Além disso, os membros do governo
não acreditam que o projeto tenha como foco personagens como a cabeleireira
Débora Rodrigues, que se tornou a figura mais explorada politicamente pelos
bolsonaristas para defender a medida.
No Palácio do Planalto, a
convicção é que a proposta da anistia busca livrar Jair Bolsonaro e também os
militares de sua gestão, que já se tornaram réus por tentativa de golpe de
Estado na ação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante desse cenário, a ministra
da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, indicou, nesta
quinta-feira (10), que o governo pode discutir a redução de pena aos envolvidos
no 8 de janeiro, desde que os líderes da tentativa de golpe não sejam
perdoados.
Ela se colocou contra o projeto
de anistia que tramita na Câmara e destacou que a proposta beneficiaria
Bolsonaro e os generais que atuaram com ele na tentativa de golpe, sem que isso
esteja explícito no texto.
Mas, a forma como Gleisi tratou o
assunto revoltou alguns ministros do Supremo. Na avaliação dos magistrados
ouvidos reservadamente, a fala da ministra sugere que o governo tem medo de a
oposição conseguir os votos necessários para levar o projeto adiante, e que
toparia um acordo para reduzir penas em troca de evitar a aprovação da anistia
— um perdão total dos envolvidos que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vê
como saída política para não ser preso.
Integrantes do Planalto também
condenaram a fala de Gleisi, e garantem que não teve aval de Lula. Pelo
contrário: afirmam que a “frase dela não tem sentido” e que "não cabe ao
Parlamento definir as penas”.
Por sua vez, Gleisi tratou de se
explicar, dizendo que fez uma fala mal colocada sobre a anistia. "O que eu
quis dizer é que cabe ao Congresso fazer a mediação com o Judiciário das
questões envolvendo o 8/1 dessas reclamações que parlamentares estão fazendo
sobre penas elevadas. Conversar, sim, cabe ao Congresso. Mas revisar pena é
Judiciário", disse a ministra, reafirmando que é contra o projeto da
anistia, por considerar que ele visa à "impunidade de Bolsonaro e dos
comandantes do golpe".
Com Globo.com
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